A BrazilFoundation apresentou os 22 projetos selecionados em 2008 para apoio financeiro e técnico em um evento no Rio de Janeiro, dia 15 de agosto. O evento, com um novo formato, reuniu conselheiros da fundação, parceiros e imprensa com os representantes de cada organização apoiada. Em uma atmosfera informal, os coordenadores foram o foco principal da noite quando apresentaram suas instituições, o contexto onde atuam e suas motivações pessoais. Os relatos, com seus diferentes sotaques e realidades, constroem um retrato vivo do Brasil.
Os coordenadores contaram dos obstáculos que enfrentam, mas também das grandes vocações e potencialidades de suas comunidades, demonstrando a grande diversidade de atuação e abordagens que refletem o compromisso da fundação com projetos de pequeno e médio porte e com populações historicamente marginalizadas.
A fotógrafa Rita Jandira Gauditano e a índia Pankararu Dora são responsáveis pelo projeto que levará informação sobre nutrição e saúde infantil aos índios Pankararus que vivem na favela paulistana Real Parque. Elas contaram que o índice de mortalidade entre crianças indígenas é cinco vezes mais alto que o de crianças não-indígenas. Originários da Aldeia Brejo dos Padres, no sertão de Pernambuco, o primeiro grupo de Pankararus veio para São Paulo, fugindo da seca nos anos 50.
O historiador Jair Ferreira, coordenador do projeto que propõe resgatar as práticas culturais do Quilombo de Acauã, contou que a última manifestação cultural daquela comunidade fora na década de 50. O Quilombo de Acauã, no Rio Grande do Norte, recentemente teve reconhecimento oficial de suas terras ancestrais, com o apoio da BrazilFoundation em 2007.
Adriano Paes Mauriz é o coordenador do projeto que usa técnicas de circo para desenvolver potencialidades de crianças e adolescentes que vivem em áreas de alto índice de violência. Ele se emocionou quando descreveu o engajamento e o talento das crianças do bairro Cidade de Tiradentes em São Paulo, o maior complexo de conjuntos habitacionais da América Latina. “Vocês não imaginam quanto talento têm essas crianças; em um dia elas aprendem a andar no monociclo e no dia seguinte elas querem mais. Elas já sabem mais do que eu”.
José Dias, o coordenador do projeto de segurança hídrica no sertão paraibano, notou que aprendemos muito quando observamos a natureza. Por exemplo, o cacto capta e armazena água na época de chuva para o uso na estiagem. Assim funcionam as cisternas de placa desenvolvidas por sua organização que já beneficiaram 900 famílias.
Susane Worcman, vice-presidente e diretora executiva no Brasil, reconheceu a importância do trabalho das organizações de base para o desenvolvimento local no Brasil e afirmou que o sucesso dos projetos é o sucesso da fundação. “Ao escolhê-los confiamos no seu potencial de transformar as realidades sociais de suas comunidades, e para isso oferecemos não só o recurso financeiro, mas também as ferramentas que serão de fundamental importância na realização efetiva de seus projetos.”
A presidente da BrazilFoundation, Leona Forman, e a nova Diretora Executiva em Nova York, Elatia Abate, vieram dos EUA para conhecer de perto os projetos e se apresentaram aos presentes. Compareceram ao evento os conselheiros da fundação: o ex-ministro da Fazenda Marcílio Marques Moreira, o presidente da Agência Contemporânea Armando Strozenberg, e o advogado Fábio Nonô.
Os projetos, selecionados dentre 714 propostas recebidas em resposta ao Edital 2008 da fundação, estão localizados em 10 estados brasileiros. Nesta 7º seleção anual, a fundação teve apoio da Inter-American Foundation e da TAM.
Nos dois dias seguintes, oficinas de capacitação em Gestão e Comunicação – parte do apoio técnico continuado desenvolvido pela BrazilFoundation – deram início ao Programa de Monitoramento e Avaliação que acompanhará os projetos durante o ano.