Parque Sitiê é oficializado e se torna modelo de Parques Urbanos no Rio

27 de setembro de 2016 • Publicado em Projetos apoiados

Parque Sitiê é oficializado e se torna modelo de Parques Urbanos no Rio

“Um projeto nascido da favela transcende também para o asfalto ao ser transformado em Política Pública.”

O Parque Sitiê teve muito o que comemorar no Dia da Independência do Brasil. No dia 7 de setembro, o parque ganhou status “oficial” do governo do Rio de Janeiro por meio da Fundação Parques e Jardins e do Departamento de Meio Ambiente. Esta é uma grande conquista não só para o Parque, mas para toda a comunidade do Vidigal – provando que quando se reúne comunidade, design urbano inteligente e investimento, é possível influenciar política pública!

Apoiado pela BrazilFoundation, o Parque Sitiê é um eco-parque localizado na comunidade do Vidigal, no Rio de Janeiro, que promove educação ambiental, integração e sustentabilidade. Em 2006, dois moradores do local recuperaram um terreno baldio que tinha acumulado resíduos há mais de 20 anos. Parte das 16 toneladas de lixo removido foram utilizadas para construir o Sitiê, que agora funciona como um espaço comunitário de lazer, educação e consciência ambiental. O parque gera 9 empregos verdes, e produz mais de uma tonelada de produtos para os moradores. Além disso, oferece educação ambiental, artes, programação e cursos de robótica para mais de 35.000 crianças e moradores a cada ano.

Conversamos com Pedro Henrique de Cristo, arquiteto e Diretor Executivo do Sitiê.

O que significa na prática esse termo de adoção?

“Significa que os territórios do Parque Sitiê, da praça e escada que dão acesso ao parque a partir da Av. João Goulart, a principal via de acesso do Vidigal, e a trilha para o pico do morro Dois Irmãos agora se encontram legalmente sob a gestão do Instituto Sitiê. Criando oficialmente o Parque Sitiê num modelo de gestão inovador que foi adaptado do modelo do Central Park, onde a prefeitura é a dona do solo e o Sitiê é o gestor operacional técnico do mesmo dentro de uma concessão. Ficamos muito honrados que a Fundação Parques e Jardins e a Secretaria de Meio Ambiente por meio dessa parceria estão transformando o Sitiê também em política pública pois agora o mesmo é o modelo de Parques Urbanos no Rio de Janeiro.”

Equipe e comunidade trabalhando juntos. Como essa união influenciou para a conquista?

“Nossa equipe é realmente bastante diversa e integra diferentes expertises e origens sociais. Foi fundamental reconhecer que a liderança do projeto tinha de ser da própria comunidade que criou e tem a maioria dos diretores do projeto. Só assim qualquer projeto num contexto como o do Vidigal pode ter sustentabilidade. Outro grande diferencial nosso foi aliar o treinamento de ponta de profissionais vindos de Harvard, MIT, Columbia e no Brasil da FGV com a inteligência contextual da equipe local do Vidigal. Com essa síntese de legitimidade social e técnica conseguimos navegar diferentes contextos e conseguimos concretizar os nossos objetivos.”

Qual é o impacto dessa conquista para o Sitiê e para o Vidigal? Em que vai contribuir?

“O agora oficial Parque e Instituto Sitiê é realmente um marco histórico pois conquistou o controle legal sobre o território ao redor da favela para a própria comunidade se tornando assim um grande instrumento contra a gentrificação e o crescimento desordenado do Vidigal. A criação legal do parque permite desenvolver o valor econômico da trilha para própria comunidade preservando a Mata Atlântica do seu entorno. É realmente uma grande honra e objetivo conquistado que o Sitiê tenha se tornado o modelo para Parques Urbanos na Prefeitura, ou seja, um projeto nascido da favela transcende também para o asfalto ao ser transformado em Política Pública. Agora temos que continuar o desenvolvimento de nossa estratégia de desenho urbano que levou a criação do parque, evoluir nossa gestão e num futuro próximo realizar uma campanha de títulos de propriedade no Vidigal para que os moradores originais possam ter acesso econômico em termos de crédito a valorização dos seus espaços privados e coletivos, realizando assim uma verdadeira integração urbana.”

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