Seca castiga famílias e agricultores no semiárido paraibano

08/06/2012 • Publicado em Sem categoria

A seca em alguns estados do Nordeste já é considerada a pior dos últimos 50 anos. De acordo com a Agência Brasil, o governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, decretou estado de emergência em 170 municípios. O número corresponde a 76% das 223 cidades paraibanas. A Liderança do Centro de Educação Popular e Formação Social – CEPFS, organização parceira da BrazilFoundation que busca soluções para comunidades que convivem com a seca, faz uma reflexão sobre medidas de curto e longo prazo para lidar com a situação na região.

Por José Dias e José Rego Neto*

A seca que assola o semiárido da Paraíba já apresenta vários impactos na vida dos agricultores de base familiar. Mas também há lições que podemos tirar dela.

As principais consequências, levantadas no encontro de lideranças comunitárias e integrantes de famílias beneficiárias das ações desenvolvidas e apoiadas pelo CEPFS, são inquietantes: escassez de alimentos e água para consumo humano e para os animais; aumento do preço dos cereais, o que pode ocasionar fome principalmente nas famílias com mais fragilidade financeira; possibilidades de aumento da migração campo cidade, inclusive para outras regiões do país.

Percebemos que precisamos nos preparar melhor nos períodos de chuva abundante, com maior estocagem de água e de alimentos para os seres humanos e para os animais – pode ser um momento para resgatar os mutirões de limpeza e escavação das cacimbas.

A infestação do mosquito da dengue por causa da estocagem de água também está aumentando. A dinâmica de execução de projetos, dentro de uma abordagem participativa, foi alterada, uma vez que as preocupações se voltam para soluções emergenciais. Frente às fragilidades das famílias, a dominação dos políticos tradicionais está se fortalecendo – e estamos em um ano de eleições municipais.

Revela-se a necessidade urgente de medidas por parte dos gestores públicos para minimizar esses impactos em curto, médio e longo prazo. Revela-se também, a importância da mobilização social no sentido de cobrar que as políticas públicas, planejadas para essa região, sejam ajustadas para atender a realidade e as necessidades que as mudanças climáticas impõem.

Em curto prazo, medidas emergenciais são necessárias. Decretação de estado de emergência; abastecimento de água através de carros-pipa; estoque de alimentos do governo federal disponibilizados, para que se evite a venda dos estoques agrícolas e do rebanho animal, patrimônio constituído ao longo de vários anos, e o prejuízo dos agricultores; ajuste do preço do mercado em relação aos cereais necessários à alimentação das famílias.

Em médio e longo prazo é necessário planejar políticas que possam reforçar as estratégias que a sociedade civil vem adotando em relação à estruturação das propriedades da agricultura familiar, principalmente na parte de manejo da água nas propriedades e nas comunidades, visando a estocagem de água e alimentos que permitam, em secas futuras, uma melhor convivência com a realidade semiárida. 

*José Dias é Coordenador Executivo e José Rego Assessor Técnico do CEPFS, Centro de Educação Popular e Formação Social, organização apoiada pela BrazilFoundation em 2006, 2008, 2011 e 2012.

 

Para fazer uma doação para o CEPFS , clique aqui.